sexta-feira, 4 de maio de 2012

comoção e tristeza das missões civilizadoras

acabo de assistir A missão, e tô chocada com a crueldade feita com os índios nas Américas. os caras vêm, catequizam, obrigam todos a seguirem as regras e crenças de outro mundo, e logo depois querem se livrar das missões porque o lucro que gera precisa estar nas mãos do Estado soberano de Espanha e Portugal. Na verdade, sinto-me envergonhada de estrar triste por isso quando todo dia tanta gente dorme nas ruas da cidade onde vivo e tenho uma cama. talvez viver nessa sociedade implique mesmo essa anestesia social, para que se possa seguir enquadrado no mundo do trabalho, sucesso e competição. Pelo menos ainda existe gente boa no entorno, ainda que todos anestesiados como eu. Nessa sexta à noite, dia 04 de maio de 2012, levei mais tempo refletindo sobre o que quero fazer da vida, como me sinto bem não estando estressada nem correndo, podendo meditar e tomar café-da-manhã com calma. levar um vida simples e sem luxos pode ser muito bom, será isso a melhor escolha? ao mesmo tempo, não consigo me libertar radicalmente da profissão que escolhi, do dinheiro que posso fazer e que me permitirá viajar, comer bem, viver nessa cidade cara, e da trajetória que pode me fazer crescer, ser mais reconhecida. se eu soubesse o que fazer numa vida mais simples fora do rio, se fosse uma certeza essa escolha, seria mais fácil decidir por ela. o mestrado me encanta, mas acredito que seguir na academia tampouco é algo que me encaixa perfeitamente. no fundo, preciso aceitar que não me encaixo em nenhum lugar exatamente. cada ser é único no que faz e está integrado por diversos interesses e instigações. acho que um questionamento já é um começo e é no meio do caminho que estão as respostas, não no começo, e nem no fim.