segunda-feira, 28 de julho de 2014

vê se a bel não vai hoje

– Tá precisando de farinha? Vê se a Bel não vai ao mercado, ela tá gostando de ir hoje.
– Eu tô tentando não ser tão inútil hoje, é isso.

no aeroporto

a menina está a passar no raio-x do aeroporto e ouve um apito.
volta atrás e é questionada se não tem um objeto de metal em sua bolsa.

como nunca sabe direito o que leva – sua memória falha de juventude – diz que sim, meneia a cabeça e procura o que pode ser a causa. é aí que encontra um frasco de spray DDT contra insetos que usava esconder de seu companheiro de casa, sujeito bastante contra os venenos contidos nessas latinhas anti-insetos.

o pessoal do aeroporto olha pra menina rindo, acha graça do tamanho do frasco que ela carregava e não sabia. afinal de contas, todos sabemos como agir num aeroporto, e fora dele.

a menina sabe que é uma cidadã meio diferente, nem cá nem lá, anda acostumada com as risadas que causa ao não agir nos conformes culturais de onde está'.

é engraçado não saber ser modelo, e é também bastante mais interessante.

ode ao amor e ao barro


"Vida e morte são de suprema importância,
Tempo rapidamente se esvai,
e oportunidade se perde.
Cada um de nós deve esforçar-se por despertar,
Cuidado, não desperdice esta vida!"

e a morte vem chegando pra alguns como chegou para o Cipriano, quando teve inutilizada sua profissão de oleiro com tais argumentos com os que se convenceu: "não há nada que não devêssemos esperar, mais tarde ou mais cedo teria de suceder, o barro racha-se, esboicela-se, parte-se ao menos golpe, ao passo que o plástico resiste a tudo e não se queixa, A diferença está em que o barro é como as pessoas, precisa de que o tratem bem..."