sexta-feira, 15 de maio de 2020
sentimentos da quarentena
hoje o Vini acordou tão cedo...
ghee
bolo de cenoura
chapati maravilhoso
fiz yoga do Rojo, tou fazendo dia sim, dia não
no outro gravo uma aula como posso
comecei um estudo lendo o tijolo do Eliade
mergulhos no Ser, buscando a capacidade de abstração
sol, lavar roupa, ler, live da Teresa Cristina, merda do governo, soluço, respiro
as pérolas da quarentena são a família Rojo, a Teresa Cristina e o Vidal
já são dois meses assim, de medo do caos social e descoberta de um breve samadhi que me veio
já não sofro tanto
me distanciei desse mim que me colocou pra baixo a vida toda, deixei ele pra lá, tou bem melhor
preciso mais provar nada pra ninguém, nem agradar, nem ser correta, nem produtiva
preciso mais analisar nada
respirar e sentir, sem analisar
fluir, deixar fluir, finalmente, aos 36 anos. demorou, né?
fiquei muito tempo grudada nos erros do passado, no medo do futuro, grudada nesse mim tacanho, mesquinho e chato
ufaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Yoga, Sāṅkhya e o perspectivismo ameríndio
Nesta quarentena resolvi ler aquele tijolo do Mircea Eliade.
Ao me deparar com a afirmação de que as doutrinas tradicionais indianas postulam que toda a matéria tenha uma só origem (prakrti) mas que o espírito (purusa) seria múltiplo, me lembrei logo do olhar indígena difundido por Viveiros de Castro, o perspectivismo ameríndio, um olhar que reúne todos os seres como humanos.
Talvez eu esteja viajando na #quarentena, mas transcrevo trechos que para mim reforçam o paralelo explicitado acima.
Aqui a assertiva de Eliade quanto às idiossincrasias do Sāṅkhya e Yoga, que os diferem do Vedanta: "O paradoxo é evidente: esta doutrina reduz a infinita variedade de fenômenos a um só princípio: a matéria (prakrti). Faz derivar de uma só raiz o universo físico, a vida e a consciência, e, no entanto, postula a pluralidade dos espíritos, ainda que por sua natureza estes sejam essencialmente idênticos. Ela une assim o que parecia tão diferente – o físico, o vital e o mental – e isola aquilo que, sobretudo na Índia, parece tão único e universal: o espírito." (Eliade)
Em seguida, pode-se trocar a palavra humanidade por espírito, e encontrar aí similaridades com a antiga tradição Sāṅkhya. "As concepções ameríndias que sustentam o conceito de perspectivismo apontam, então, para a irredutibilidade dos seus contextos a uma distinção ontológica entre natureza e cultura. (...) Em outros termos, entre os ameríndios a natureza não existe em si mesma como uma esfera “objetiva”, e sim como efeito de um ponto de vista. (...) A unidade da alma e a multiplicidade dos corpos para as quais apontam essas ontologias levariam não ao multiculturalismo moderno-ocidental, mas a um multinaturalismo ameríndio, em que a cultura é o fundo comum de uma multiplicidade de naturezas que se desdobram dos corpos. Assim, a condição compartilhada por humanos e animais não é a animalidade (como para a ciência moderna, segundo a qual os humanos pertencem ao reino animal), mas a humanidade." (Lucas Maciel)
Este breve lampejo bem que poderia gerar um estudo sobre paralelos e paradoxos entre eles.
#sankhya #yoga #vedanta #lifeofyoga #vidadeyoga
Ao me deparar com a afirmação de que as doutrinas tradicionais indianas postulam que toda a matéria tenha uma só origem (prakrti) mas que o espírito (purusa) seria múltiplo, me lembrei logo do olhar indígena difundido por Viveiros de Castro, o perspectivismo ameríndio, um olhar que reúne todos os seres como humanos.
Talvez eu esteja viajando na #quarentena, mas transcrevo trechos que para mim reforçam o paralelo explicitado acima.
Aqui a assertiva de Eliade quanto às idiossincrasias do Sāṅkhya e Yoga, que os diferem do Vedanta: "O paradoxo é evidente: esta doutrina reduz a infinita variedade de fenômenos a um só princípio: a matéria (prakrti). Faz derivar de uma só raiz o universo físico, a vida e a consciência, e, no entanto, postula a pluralidade dos espíritos, ainda que por sua natureza estes sejam essencialmente idênticos. Ela une assim o que parecia tão diferente – o físico, o vital e o mental – e isola aquilo que, sobretudo na Índia, parece tão único e universal: o espírito." (Eliade)
Em seguida, pode-se trocar a palavra humanidade por espírito, e encontrar aí similaridades com a antiga tradição Sāṅkhya. "As concepções ameríndias que sustentam o conceito de perspectivismo apontam, então, para a irredutibilidade dos seus contextos a uma distinção ontológica entre natureza e cultura. (...) Em outros termos, entre os ameríndios a natureza não existe em si mesma como uma esfera “objetiva”, e sim como efeito de um ponto de vista. (...) A unidade da alma e a multiplicidade dos corpos para as quais apontam essas ontologias levariam não ao multiculturalismo moderno-ocidental, mas a um multinaturalismo ameríndio, em que a cultura é o fundo comum de uma multiplicidade de naturezas que se desdobram dos corpos. Assim, a condição compartilhada por humanos e animais não é a animalidade (como para a ciência moderna, segundo a qual os humanos pertencem ao reino animal), mas a humanidade." (Lucas Maciel)
Este breve lampejo bem que poderia gerar um estudo sobre paralelos e paradoxos entre eles.
#sankhya #yoga #vedanta #lifeofyoga #vidadeyoga
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