Parecem ainda existir algumas semelhanças entre o Brasil
pré-independência – aqui narrado por Caio Prado Junior – e este em que estamos.
De repente 200 anos é pouco tempo, mas esperemos que dessa vez seja outro o
desfecho!
“Quanto
às camadas populares, elas não se encontravam politicamente maduras, para
fazerem prevalecer suas reivindicações; nem as condições objetivas do Brasil
eram ainda favoráveis para sua libertação econômica e social. Daí, aliás, a
descontinuidade e falta de rumo seguro nos seus movimentos, que, apesar da
amplitude que por vezes atingem, não chegam nunca a propor reformas e soluções
compatíveis com as condições do país. As relações de classe existentes, e
contra que se insurgiam, ainda se encontravam solidamente alicerçadas na
estrutura econômica fundamental do Brasil (...), e que não somente não se
alterara, como prosperava; as relações de classe dela derivadas não se podiam,
por isso, modificar sensivelmente. E assim a luta popular contra elas desencadeada
não as atingira, e a revolução não irá além daquilo para que o Brasil estava
preparado, isto é, a libertação do jugo colonial e a emancipação política. Reformas
mais profundas teriam ainda de esperar outros tempos e outro momento mais
favorável e avançado de evolução histórica do país.”
(do livro: Evolução política do Brasil)
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