terça-feira, 18 de junho de 2019

A esfinge em mim




o boi estava no brejo, mas havia sinais de que sairia.
a águia ansiosa, bem que tentava meditar, mas era tanta a missão que cumpria.
e ele, o leão, no fundo tinha aquele ranço de ser bonzinho – de nada negativo se achava no direito.

a flor desabrochava, tímida e descontraída, dona de paradoxos. com as marcas e padrões que pareciam lhe seguir, ela de vez em quando dava um olé e vencia, noutras vezes era tomada e repetia a mesma trilha, mesma ladainha de pessoinha pequena, apertada, feinha.

consciente de sua relativa grandeza, nem podia facilmente expressá-la, não havia quem lhe desse permissão. ela mesma é que tinha que conquistar, fazer-se centro de seu mundo sem medo do egoísmo, do convencimento de se achar importante demais.

passo a passo, se regalava a siesta, a preguiça, a gula e a rede.
se dava um banho sulfuroso e almejava-se completa não importa os que falam, os que julgam.

queria ser amada apesar disso, dela mesma, desse jeito: confusa e desabrochando de boniteza.

e a serpente se eleva, devagarinho.