sábado, 9 de julho de 2011

idosa idade

sou uma velha em botafogo que acorda - no caso, tarde, mas tudo bem - já indo pra feira pechinchar e ver o que tá bom. depois tira o reciclável e fica a organizar a casa, fazer imãs novos com colagens aleatórias, ler bibliografias devagar quase parando e olhar o sol, a lua e o frio que faz e como é bom estar em casa se esquentando. aí pensa nessa juventude transviada, disposta aos programas da cidade, tomar cerveja e sair por aí, e se dá conta que, solteira, nada faz para disfarçar a condição. pelo contrário, mergulha de forma decisiva e neurótica como quem tá fazendo coisa errada. estar bem assim, sendo uma velha sozinha no sábado - não só nele, mas desde a sexta à noite - seria completamente bizarro ou é intriga da oposição? intriga porque não é tão sozinha, recebeu visitas afinal, e no fundo, no fundo: sair nesse frio é um puta programa de índio. sobretudo não há homem que preste por aí, ou ela deve reestudar (na semana que vem) a sua alta mania de exigência, aquela da qual seu terapeuta fala mas sem ressoar bem aos ouvidos. esse cara inventa cada coisa!

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