segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

fragmentos, ou a tentativa de fundar uma literatura americana

Oi, Liloca, estou com saudade de você. A gente vai se ver no Natal? Você vem pra cá? Obrigado por ter mandado calçar de pedras aquela parte perto da janela da cozinha, e construído aquele aparador de pau do mato do lado de fora da janela. Ali ficou muito bom para colocar aquela mesa de plástico e aquelas cadeiras. E outro dia eu percebi que ali é o meu atual ponto, o lugar em que fico melhor no mundo, descascando um legume, vendo o sol secar a roupa no varal, com meu cachorro deitado no chão, ouvindo a panela apitar no fogão pela janela aberta, lendo um livro, um jornal, fumando um cigarro à noite. Acho que era o Castanheida (não sei se é assim que escreve) que dizia que cada um tem um ponto onde está melhor sentado no mundo, o meu no momento é aquele. Um beijo, Gus


Boa, pai, que bom saber que você está feliz no mundo e no quintal calçado de pedra. Fico orgulhosa que isso tenha te trazido um centro mais apercebido. E também que o Teobaldo tenha passado a ser o seu cachorro propriamente. Você deixou de sonhar com ele ou assumiu o sonho? Irei no Natal sim, levando alguns presentes da reforma agrária que considerei ótimos pro momento atual: pinga, boné do MST e algumas comidinhas. No momento meu lugar no mundo fica nessa rua tadeu kosciusko, num quarto largo e iluminado vendo do alto a vida dos mendigos e transeuntes e o movimento das simpáticas senhoras portuguesas. Sou acolhida no caos de uma cidade selvagem – dentro dele existe paz. Um beijo, te amo! Lila

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