segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

A teia da vida, ou conexão Grécia-China-Américas

Um é tudo, tudo é um 
(Heráclito de Éfeso)

O caminho gera o um 
O um gera o dois
O dois gera o três
O três gera os dez mil seres 
(tao te ching)




O cientista Alexander von Humboldt, maior entusiasta da natureza do século XIX, foi um dos primeiros a defender a ideia de "teia da vida". Enquanto a ciência ainda lidava com seres superiores e inferiores, Humboldt dava importância à mínima expressão de vida como parte de um sistema orgânico maior e vivo, conectado globalmente em cada folha, inseto ou musgo. O naturalista é o personagem do livro "A invenção da natureza", que narra suas aventuras pelo globo enquanto retrata questões históricas e expõe as limitações e crenças científicas da época, e como elas vão sendo contrapostas pelas descobertas de Humboldt. Algumas das pérolas de Alexander são bastante atuais, como "o único capital que aumenta com o tempo consiste na produção agrícola." Contrário às lógicas instituídas pelo sistema colonialista do começo do século XIX, e desde sempre avesso à escravidão, o pesquisador questionava para que seriam necessários o ouro e os metais se bastava "arar ligeiramente para produzir abundantes colheitas?". Salientava ainda que era necessário um sistema de agricultura de subsistência, baseado em culturas comestíveis para consumo próprio e variedade de alimentos como banana, quinoa, milho e batatas. Ele foi o primeiro a associar o colonialismo à devastação do meio ambiente e também o efeito da seca e da mudança climática à ação do homem sobre a natureza. Mais de dois séculos depois de suas pesquisas, continuamos plantando para obter lucro e tornando o planeta cada dia mais árido. E só para dar mais um detalhe singular desse cientista, ele acreditava que os povos indígenas eram deveras conhecedores da natureza, e seus ensinamentos muito valiosos.


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